A proposta da Gramática
Pedagógica foi muito bem recebida nas comunidades Wapichana em Roraima. Desde o
começo do projeto, os professores de língua Wapichana das escolas estaduais
indígenas se empenharam em participar das oficinas para aprender a metodologia
proposta e contribuir na confecção da Gramática
Pedagógica da Língua Wapichana. O grupo de professores Wapichana da Serra
da Lua é bastante ativo e organizado, independentemente desse projeto, o grupo
tem reuniões periódicas para discussões sobre o ensino de língua e a elaboração
de materiais didáticos.
O trabalho do Prof. Dr. Luiz
Amaral com a língua Wapichana em Roraima começou em 2011, quando ele visitou
diversas comunidades para conhecer o povo e avaliar o interesse de professores
e lideranças locais em desenvolver um projeto que combinasse o ensino da língua
com a sua documentação. Naquela ocasião o trabalho incluía experimentos
psicolinguísticos e a coleta de dados sobre o uso do Wapichana nas comunidades com
o objetivo de estudar a aquisição da língua por crianças e jovens. Também foram
realizadas algumas oficinas sobre Ensino
de Língua com professores Wapichana de diferentes comunidades em parceria
com a UFRR. Nessas oficinas os professores conheceram a proposta do professor
Luiz Amaral e identificaram o potencial de um projeto que combinasse a formação
docente com a produção de material didático a fim de aprimorar as aulas de
língua Wapichana nas Escolas Estaduais Indígenas de Roraima.
Quando surgiu o Projeto
Gramáticas Pedagógicas de Línguas Indígenas do Museu do Índio, em 2013, a
relação de trabalho entre o professor Luiz Amaral e os professores de língua
Wapichana já estava estabelecida. Assim, a proposta foi muito bem recebida nas
escolas. Com o início oficial do projeto, as oficinas passaram a ser realizadas
no Centro Regional de Formação Watuminpen Kaimena’u Da’y, na Terra
Indígena Malacacheta, em Roraima, com ampla participação dos professores de
língua Wapichana das diferentes comunidades da região.
Relação entre os pesquisadores:
Após um período inicial de
ajustes na dinâmica de trabalho, a equipe decidiu promover reuniões mensais dos
pesquisadores indígenas e não indígenas em Boa Vista, Roraima, com a
participação virtual (por Skype) do
Prof. Dr. Luiz Amaral. Nessas reuniões, os pesquisadores indígenas entregam as
atividades que lhes foram passadas na reunião anterior para os coordenadores do
projeto e recebem novas atividades para o mês seguinte.
As Gramáticas Pedagógicas são
compostas por unidades, cada uma delas trata de uma estrutura linguística que é
trabalhada a partir de seu uso. A confecção das unidades começa nas oficinas com
a participação de todos os professores. Os linguistas (coordenadores) e os
professores iniciam uma discussão sobre as estruturas escolhidas e juntos
formulam as explicações e contextualizações que vão encabeçar as unidades da
gramática. Com os temas pré-estabelecidos, os coordenadores montam esqueletos
das unidades com exemplos de exercícios que serão usados nas tarefas mensais
dos pesquisadores indígenas. A cada mês, os pesquisadores indígenas recebem um
grupo de atividades a serem desenvolvidas para concluir o conteúdo das
unidades.
As atividades feitas pelos
pesquisadores indígenas podem ser diálogos ou narrativas para a apresentação da
estrutura linguística, explicações em Wapichana de como é usada essa estrutura,
ou ainda exercícios para praticá-la. Também são feitas ilustrações para
auxiliar na apresentação e prática.
Após receberem as atividades
dos pesquisadores indígenas, os coordenadores digitalizam as gravuras e os
textos que não estiverem digitados, montam as unidades da GP no computador, fazem
a revisão e tradução do texto, e enviam esse material ao Museu do Índio para
que seja feito parecer do consultor do projeto.
A equipe Wapichana possui a
vantagem de ter um grupo de três coordenadores e três pesquisadoras indígenas
cujas experiências profissionais contribuem para o sucesso do projeto. Além do
professor Luiz Amaral, a equipe também conta com a participação da professora
Wendy Leandro que é uma falante da língua Wapichana formada em Letras e que tem
bastante experiência no ensino de segunda língua. Sua contribuição para a
organização das atividades da Gramática Pedagógica e para a montagem das
unidades é de extrema importância. A supervisão geral das atividades do projeto
está a cargo da pesquisadora e linguista Joana Autuori, que trouxe para esse
trabalho sua experiência com comunidades indígenas de Roraima e sua pesquisa
sobre a língua e o povo Yanomami. Finalmente, é preciso ressaltar que não seria
possível levar esse projeto adiante sem a decisiva participação das três
pesquisadoras indígenas que trabalham como professoras de língua Wapichana em
diferentes comunidades na Região da Serra da Lua: Nilzimara de Souza Silva,
Benedita André da Silva e Wanja da Silva Sebastião.
Dessa forma, a Gramática Pedagógica da Língua Wapichana
já está com mais da metade de suas unidades produzidas e está atingindo seus três
grandes objetivos: elaborar uma gramática que possa ser usada em sala de aula,
documentar a língua Wapichana e contribuir com a formação dos professores de língua.
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