A última parte dessa pequena entrevista trata da importância do Projeto das Gramáticas Pedagógicas para a própria comunidade e para o ensino e conservação das línguas minoritárias brasileiras.
terça-feira, 16 de dezembro de 2014
terça-feira, 9 de dezembro de 2014
Perguntas e Respostas com Luiz Amaral - Parte 2
Agora que já entendemos o que é uma Gramática Pedagógica, levantamos a seguinte questão:
O que
diferencia as gramáticas pedagógicas do ProDoclin?
Diferentemente
de outros materiais que descrevem as línguas indígenas com um foco na forma
gramatical, as gramáticas pedagógicas do ProDoclin são desenvolvidas com base
em teorias de aprendizado e aquisição de língua. O objetivo é criar um material
adequado ao aluno indígena, levando em consideração sua língua nativa e seu
processo de aprendizagem.
No contexto de línguas
indígenas, por exemplo, muitas vezes encontramos materiais chamados de
“pedagógicos” escritos totalmente em português, apenas apresentando os exemplos
na língua indígena. Didaticamente isso não faz nenhum sentido. Nenhum falante
de português no Brasil aceitaria que seu filho tivesse aulas de língua
portuguesa usando um livro escrito em alemão com apenas os exemplos em
português. Por que seria diferente com o ensino de línguas indígenas? A
abordagem usada nas gramáticas pedagógicas do ProDoclin não somente segue
teorias atuais de aprendizagem como também se adequa às diretrizes do
Ministério da Educação para o ensino de língua materna nas escolas. Sabemos que
no ensino de língua a “decoreba” de conceitos gramaticais não tem nenhum valor
pedagógico. Por isso o MEC faz recomendações explícitas sobre a necessidade de
se estudar a língua com foco no seu uso, visando melhorar as habilidades de comunicação
e expressão dos alunos. Por serem gramáticas de uso, as gramáticas pedagógicas
do ProDoclin apresentam as formas linguísticas em situações cotidianas
enfatizando a conexão entre a língua falada nas aldeias e as formas gramaticais
existentes.
quinta-feira, 4 de dezembro de 2014
Perguntas e Respostas com Luiz Amaral - Parte 01
O que é uma Gramática Pedagógica? Como é feita? Para que serve?
Tentando obter respostas claras sobre o assunto, o coordenador e consultor geral das GPs respondeu algumas perguntas sobre esse tema.
Tentando obter respostas claras sobre o assunto, o coordenador e consultor geral das GPs respondeu algumas perguntas sobre esse tema.
Perguntas
e Respostas - Parte 01
Por: Luiz Amaral
(Consultor Geral do Projeto)
Por
que um projeto como este é necessário?
Os trabalhos de documentação e
descrição de línguas indígenas no Brasil têm produzido conhecimentos
inestimáveis sobre as estruturas linguísticas das línguas nativas brasileiras.
Contudo, esses trabalhos de natureza científica não são concebidos como
materiais ao alcance do uso por professores e alunos de escolas indígenas. O Projeto de Gramáticas Pedagógicas de Línguas
Indígenas do ProDoclin parte do conhecimento
linguístico de trabalhos acadêmicos para desenvolver materiais descritivos
sobre as línguas indígenas que possam ser facilmente usados por professores e
alunos nas escolas das aldeias. Dessa
forma, o projeto vai além da documentação e descrição, contribuindo diretamente
para a manutenção e revitalização dessas línguas minoritárias. Além de fazer
uma ponte entre o conhecimento científico e a prática em sala de aula, o
projeto também responde a uma demanda constante das comunidades para a produção
de materiais didáticos em suas línguas.
Como
é feita uma gramática pedagógica em língua indígena?
A
descrição científica de uma língua usa um conjunto de teorias para representar
as formas linguísticas que fazem parte de uma gramática descritiva. Em contrapartida, as gramáticas pedagógicas do ProDoclin apresentam as estruturas
linguísticas através de situações de uso cotidiano. Essa metodologia para
elaborar “gramáticas de uso” foi desenvolvida há várias décadas para o ensino
de línguas indo-europeias e gerou modelos consagrados como o da “English Grammar in Use” (Cambridge
University Press). Para o ProDoclin,
adaptamos a metodologia de criação de “gramáticas de uso da língua” à realidade
de cada uma das comunidades. Durante as oficinas nas aldeias, os próprios
professores indígenas criam as situações na qual as estruturas gramaticais são
empregadas e os linguistas os auxiliam na preparação de explicações e
exercícios. Dessa forma, esse material possibilita que o aluno aprenda a língua
através de narrativas, diálogos e músicas. As ilustrações das situações também
são feitas por desenhistas das próprias comunidades.
Na próxima semana veremos a parte 02 das perguntas e respostas!
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